quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Infinitude.

Nada. Palavra cujo sentido eu desconheço. Ainda que haja quem seja capaz de enxergar seu significado, a mim ela é estranha. Palavra fria, que se aproxima da morte antes de ser a prévia do nascimento. Elimina todas as possibilidades de vida, de sonho, de criação. É o vazio. E nele é impossível acreditar.

Não consigo conceber a ideia de um nascimento abrupto, sem uma existência anterior intrínseca. Sou incapaz de compreender a completa ausência de passado e de visualizar o momento em que o tudo era o nada e, de repente, passou a existir. Big Bang? Gênesis? Hipóteses da instantaneidade. Uma explosão. Um passe de mágica.

É como se tudo fosse contínuo, sem sequência linear, com início, meio e fim. Embaralhado de acontecimentos em que o importante não é o surgimento das coisas, mas o impacto que vêm a causar. Brincadeira do tempo, que parece caminhar sempre ao mesmo ritmo, enquanto a vida acontece em turbilhão ou se arrasta preguiçosa.

Tendendo ao infinito. Estado de movimento em que tudo deveria ser imaginado. Mas não pensemos na linha infinita em que pensam os matemáticos, com uma seta apontada pra frente e outra para trás. Mania das Exatas. Não usemos o passado como fonte de lembrança e o futuro como objetivo. Pensemos no eterno, onde o tempo não é vilão.

O sempre é mais belo que o agora. As coisas não existem a partir do momento que surgem. Tudo existe antes de existir; entender o nascimento pelo viés do mundo material é ignorar e se desfazer da criatividade. O pensar é o verdadeiro gérmen da existência. E tudo pode vir a se materializar ou não. Talvez nunca venha a tanto. Mas nem por isso deixou de existir.

Acredito na inexistência da Criação. Não por ser desprovida de sentido, mas por representar um instante por demais efêmero, insignificante diante da grandiosidade do existir. Elimina o que antes já havia, admite a existência de um nada anterior. Imaginar a infinitude das coisas permite que enxerguemos além do óbvio, do pontual. Permite focar no ser, na essência. Sob esse olhar, a necessidade de tentar encontrar um ponto de partida deixa de existir. O nada não existe.