sábado, 11 de setembro de 2010

Maracujá.

Tem gente que é deliciosa.
 
Inunda, de saliva, a língua.
Repleta de ousadia, mingua, por mistério e por sabor, o prazer do jantar.
Ludibria, se faz desejar, tem o cheiro forte do que azedou por ser provado com os dedos.
Esborra. Extrapola as bordas do copo e do são.

Estremece, de segredos, os dentes.
Adorna, é minúcia; no ventre, é volúpia, e nem precisa de sal.
Escorrega entre panos e curvas. Acalma, jorrando risadas freneticamente silenciosas.
Esguia, se esquiva e escorre pelo canto dos lábios.

Tem gente que é deliciosa.

Que se come no chão, antes de a mesa estar posta.
Que espera disposta, de quatro, sem prato, transborda o tato que cabe no paladar.
Que se faz guardar pro final, visando a morar, ainda que insaciada, na boca.

Faz do lençol guardanapo.