quinta-feira, 17 de julho de 2008

O Despertar da Bolsa Vermelha.

É incrível. Todos os dias não consigo prolongar, por muito mais, a noite. Acordo cedo, sempre com a cabeça fervilhando idéias inusitadas. Às vezes me aborreço, admito. Faz falta uma noite de sonhos que adentre a manhã de leves raios de Sol... Mas quantas bolhas dentro da minha cabeça para atrapalhar!

É incrível. Primeira vez que paro para refletir sobre o momento de abrir os olhos. hoje o que fervia e rodopiava-me os pensamentos era a Bolsa Vermelha. Parece fútil, mas nunca nada me soou tão interessante! Foi a tal Bolsa Vermelha grande, de bolinhas brancas e meio plástica, que me fez despertar para o diário ato de me espreguiçar sobre a cama.

É incrível! Acordo sempre de bom humor. E com a cara boa também. Não sei se porque meu cerébro trabalha por demais enquanto durmo; ao despertar, ativamente e esbanjando criatividade, sinto-me como acordada há tempos. Agora, refletindo sobre o radiante ato de amanhecer, não consigo captar o motivo para que tantos "Bom dia!" sejam desejados com a mesma intensidade com que se pede "Licença." para alguém em um ônibus lotado.

É incrível. Abrir os olhos novamente e ver o mundo igual em toda a sua essência e, apenas aos poucos, conseguir perceber toda a detalhada rama de novidades que surgem furtivamente dia-a-dia. Por esse motivo estou encantada pela Bolsa Vermelha. Não estava habituada a notar a tão ímpar rama, muito menos a perceber o quão avançada está a minha mente em relação ao meu corpo enquanto deitado ali, durante o meu primeiro abrir de olhos.

É incrível. O despertar (no sentido literal) é o despertar para as mudanças no mundo e, também, para a puxada rotina cotidiana. É o despertar para os sentimentos mais sinceros e para os pensamentos mais loucos, pois ao despertar, sentimos e pensamos ainda meio que sem controle, destrambelhadamente. O despertar é o momento de despertar para a realidade. Descobrir que tudo o que aconteceu no dia anterior já passou, foi bom (ou ruim) e não volta.

É incrível. E precisamos, todos nós, de um estímulo que nos desperte para o brilhantismo do despertar. Ao dormir, deitamos, e o mundo deita sobre nós tudo o que em si existe, toda a realidade que somos capazes de enxergar (assim surge o sonho). Ao despertar, colocamos mais uma vez os pés sobre o mundo e, pisando-o, seguimos para traçar a nossa rota, buscar aquilo o que ambicionávamos no sonho.

É incrível, sim, o despertar. E o meu despertador foi, incrivelmente, a minha Bolsa Vermelha.

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