quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

- Perdi o apetite, obrigada.

Tudo o que eu mais queria agora era estar sentada à mesa de um bar extremamente barulhento onde músicas boas estivessem sendo tocadas às alturas. Do tipo Foo Fighters, ou até Strokes que fingem animar, mas no fim das contas não nos fazem sentir merda nenhuma (a não ser uma vontade de correr do caralho).

O bar teria a luz bem baixinha, amarelada, e eu estaria incrivelmente bonita num lugar apinhado de mulheres feias. Daquelas que não conseguem pensar em um assunto sequer para conversar. Que acreditam levar algum jeito para a dança (afinal, sacudir a bunda requer muita habilidade). Que andam em bandos, e sorridentes, e estridentes, mas não param um minuto de procurar - desesperadamente - por algum cara que se interesse por elas.

Eu estaria sentada, sozinha, numa mesa junto à parede, bebendo do melhor uísque que pudessem me servir. Não que eu goste de uísque, mas bebê-lo dá uma sensação de poder que é tudo o que uma mulher precisa sentir numa hora dessas - além do gosto amargo que fica na boca e do ardor que se sente passar pelo nariz, carregado pelo ar cheio de fumaça de cigarro. Isso faria eu me sentir mais viva... Ou mais morta. Não sei.

Haveria belos homens por todos os lados; apenas por fora, claro. Tanta virilidade e auto-confiança são características interessantes de serem observadas - por dentro, entretanto, só se pode ouvir o eco daqueles próprios egos. Carentes. Inseguros. Imaturos. Obviamente, nenhum perguntaria se poderia sentar-se ao meu lado... Talvez por acreditar que eu estivesse esperando por alguém, talvez por ter percebido que eu não estivesse mesmo a fim de conversar com ninguém. Ou, provavelmente, por medo de alcançar a maçã do topo. Venhamos e convenhamos, não há homem idiota o suficiente a ponto de se arriscar a levar um fora, daqueles secos e frios, da mulher para quem todos estão olhando. Os homens temem ser o centro das atenções em momentos de fraqueza. Infelizmente, ou felizmente, são todos covardes. Principalmente os que se escondem por trás da armadura de machão.

Seria, no mínimo, entristecedor ficar ali observando toda aquela gente sem graça se divertindo. Talvez, quando visse todos aqueles amigos reunidos, ou todas aquelas vidas promissoras em busca de uma aventura, perceberia, enfim, que tudo passa. E que no fim das contas, não há um filho da puta sequer que se preocupe com a gente de verdade. Meros "amigos" em busca da diversão momentânea. Consolo.

Brindemos à alegria de hoje, feita pra esquecer o que amanhã virá.

Se tudo desse certo, aprenderia a não esperar demais das pessoas, conseqüentemente, aprenderia a não me decepcionar com tanta freqüência, nem a levar tudo tão a sério. Se eu pudesse, naquele instante, perceber que, na vida, momentos se confundem com redemoinhos, o fato de ter estado sentada ali, sozinha, valeria a pena. A luz fraca e turva do bar me suscitaria, aos poucos, ao mais iluminado entendimento.

Levemente embriagada e entediada, eu gastaria todo o dinheiro que pudesse, mas não comeria. Mulheres desastradas como eu, não ficam nada sexy comendo. Além do que, se um cara, do tipo "único corajoso em um milhão", com um sorriso maravilhoso, se oferecesse para me fazer companhia, eu odiaria estar com um pedaço de carne enfiado entre os dentes.

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