domingo, 3 de outubro de 2010

Sem título, rótulo ou explicação.

Descobri que eu já não cabia mais em mim. Transbordava. Minha alma, pequena diante de tanto, sorria e chorava ao mesmo tempo. As gargalhadas tinham gosto de dor. As lágrimas, cheiro de cócegas, do tipo que exploram o corpo e a capacidade de sentir.

Estufada por meu interior, achei que sofresse. (Auto)Homicídio sem qualquer tendência suicida ou masoquista. Assistira de longe, completamente alheia, mas com as mãos sujas, à tentativa de me matar sufocada.

Não sabia que o aperto era o claustro do incontrolável. Prestes a explodir, senti - única coisa que estava apta a fazer - que, repleta como estava, ficara vazia de sanidade. Esvaiu-se o raciocínio, talvez por perceber que já não havia mais lugar para si. Despencou o medo. Ou talvez tenha crescido - não sei bem ao certo. A ousadia e a indecisão, numa amálgama doce de fel, se aliavam por discordar.

Enjoada, sentiria vergonha de mim se fosse capaz de emitir juízo sobre qualquer coisa. Ser abobalhadamente ululante, perdido em si mesmo.

Sentimento que me preencheu a ponto de inundar meus sentidos de éter. Molhou minha face, meus seios e meus lábios numa tentativa cruel de me deixar completamente vulnerável. Deixou minha boca flácida para estampar na minha cara um sorriso idiota constante.

Me deixei guiar - ou fui forçada a ir - por algo que, de mim, se fez maior que eu. Precisava, então, dividir-me em alguém. Mas eu já o tinha feito, só não havia percebido. Fui, sem pedir licença ou permissão. Nem para mim mesma.


(Escrito em 16 de julho de 2010. Tinha esquecido completamente deste texto, encontrei por acaso).

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