Com malabares e bolinhas se embaralhando habilidosos, amigos se divertiam em contos circenses. As risadas e o domingo faziam o treino descontraído, mas concentrado, parecer com brincadeira.
Uma menina bonita, dos cabelos curtinhos e blusa florida, levava no rosto um sorriso de mostrar todos os dentes. Os cabelos se balançavam com a brisa leve que refrescava o parque vez por outra, e o shortinho branco deixava à mostra um hematoma simpático no joelho. Dominava os pinos com habilidade e carisma desconcertantes, de deixar os olhos fixos e a boca um pouco aberta, enquanto os lançava alto no céu.
Outra garota, que não brincava de circo, passou perto dela, sem chamar atenção; só para se aproximar. Fazendo os malabares se desencontrarem do corpo em um gesto de pausa, a de blusa florida esticou ainda mais o sorriso. E roubou-lhe um beijo bonito, de uma doçura que só um encontro bem grato pode oferecer. Por poucos segundos mantiveram, ali, em meio ao verde do parque, os lábios colados uns aos outros.
Ao redor, casais continuaram a caminhar de mãos dadas, crianças cresciam seus castelos de areia, senhorinhas tricotavam fofocas nos bancos de madeira pintados de azul. Uma mulher gorda, de roupas negras, engessou uma cara de desgosto numa boca torta e sobrancelhas desalinhadas. E, no breve instante de um beijo, o estranhamento soaria como ofensa a quem, num fim de tarde, aproveitava a simplicidade de amar.
só que os sorrisos continuaram pintando lábios, agora molhados, tal qual tinta em rosto de palhaço, que exala alegria permanente. com os olhos fechados, elas nem puderam ver que, em algum lugar, havia alguém carregando carrancas sobre a face
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